sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Mecânica

frase lida
estica a corda
soa o gongo
gira a roda
toca o bumbo
desce a tora
corre o rato
espreita o gato
queima a tocha
quebrou-se o prato
cavalo corrido
cão latido
na agulha a bala
disparo agora

Granja

tive uma fazenda
com tomates azulados
e batatas engasgadas

violentos peixes então criados
porcos remelentos bem cevados
carneiros delinquentes adestrados

mas, morreram secos todos
e nada há nisto de fantástico
sempre morde a cobra o próprio rabo

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quebra

as coisas que mudam
a aula
o banho canino
a avó no asilo

manicure no sábado
cansaço na sexta
estudo na terça
nova que chega
trabalho infindo

coisas de novo
mesmas de sempre
festa querida
sacola devida
nunca chega
o descanso querido

coisas intactas
agora mudadas
não voltam
ficaram
para sempre
para nada

Volta

não olhe
não goste
nem fale
não falta

outra face
de lata
mal-reflete
fracassa

não preciso
não ria
é melhor
calada

outra vez
que seja
o destino
enseja

Poder

"onde há poder, há resistência",
Marcel Foucault
a existência do poder
sua mecânica seu saber
a resistência em querer
sua corrosão seu fazer

a inexistência do haver
sua estática seu viver
a insistência em não mover
apaga o sol e faz chover

onde há força há poder
onde há fogo, perecer
se no inferno não há morrer
no paraíso não há ser

Reinado

da morte o rei ninguém queria
criam no eterno sempre que haveria
de volta ao ponto do início
memória de passado fictício

mas de volta o pretérito não viria
hoje é tudo que havia
do momento a falha é presente
da memória o inimigo é o existente